E a MPB, como vai?

por mutranrules

“Um ensaio comparativo sobre a produção musical popular contemporânea”

Artigo de conclusão de curso pós graduação em Metodologia do Ensino de Artes, UNINTER, 2019

SILVA, Gustavo Afonso Mutran da[1]

SULZBACH, Â. C.[2]

RESUMO

Este trabalho aborda a influência da era pós-revolução da informação no consumo musical hodierno. A razão que motivou essa temática é a de verificar quão verídica seria a afirmação de um artista, feita numa midia social, sobre a qualidade da música contemporânea do Brasil. Tal afirmação vai ao encontro de uma idéia recorrente ao senso comum que trata de uma possível desvalorização qualitativa da produção musical atual em comparação aos autores do passado. Os objetivos específicos são pesquisar a origem do senso comum; apresentar pesquisas relativas ao comportamento dos objetos inanimados e seres vivos, quando expostos a determinados tipos de musica e som; elencar as mudanças sofridas na fruição musical da era pós-revolução da informação; avaliar o nascimento dos artistas de nicho, temáticas, composições e comportamento, assim como seu impacto social. A contribuição da presente pesquisa é a de fornecer conteúdo capaz de auxiliar na formação de ouvintes mais críticos ao consumo das produções musicais de hoje e de ontem. A hipótese é de que música, longe de ser somente gosto pessoal, é energia capaz de moldar comportamentos. A metodologia adotada foi a pesquisa bibliográfica, em que o autor Reinhart Koselleck versa sobre o anacronismo, a autora Dorothy Retallack contribui com a reação das plantas aos variados estilos musicais, Johnatan Pieslak trata dos efeitos do heavy metal na guerra do golfo e Heitor Castro contrapõe música em estado puro com música produto.

Palavras-chave: MPB; Música Brasileira; Era da Informação; Funk.


[1] Graduado no Curso de Pintura da Escola de Belas-Artes pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Professor de Pintura e Desenho da Casa de Cultura da Universidade Estácio de Sá, aluno do Curso de Especialização em Metodologia no Ensino de Artes pelo Centro Universitário Internacional UNINTER; É Artista Plástico e Multimídia, Compositor e Músico Prático.

[2] Graduada em Educação Artística habilitação em Artes Cênicas pela Universidade Estadual do Paraná- FAP/UNESPAR; Possui Especialização em Cinema e Vídeo pela Universidade Estadual do Paraná – FAP/UNESPAR; Mestre em Comunicação e Linguagens pela Universidade Tuiuti do Paraná – UTP; Professora Efetiva na disciplina de Arte SEED – PR Núcleo Curitiba; Professora orientadora de TCC do curso de Pós-graduação em Metodologia do Ensino de Artes e professora corretora de TCC e Relatório de Estágio Supervisionado do curso de Graduação em Artes Visuais EAD – UNINTER.


1. INTRODUÇÃO

A presente pesquisa parte do argumento de que a música brasileira feita antigamente era de melhor qualidade do que a música produzida atualmente, seja por razões de valores estéticos, como por razões de conteúdo.

O trabalho está dividido em duas partes, a saber:

I.        Sobre a possibilidade de mensurar música qualitativamente e sua influência nos seres para alem da subjetividade do gosto pessoal;

II.        Sobre a forma de criação e fruição de música na era pós-revolução da informação;

Primeiramente, identificaremos as razões que conduzem à primeira afirmação, quem afirma e por quê. Em seguida, verificaremos os substratos de tal senso comum e qual a possibilidade dele ser mensurado de forma objetiva, buscando as informações pertinentes nos variados campos do saber humano. Neste processo, confrontaremos pesquisas relativas aos efeitos que operam nos seres vivos os diversos tipos de música e sons.

Em seguida, será avaliado o impacto da revolução da informação na produção e no consumo da musica brasileira contemporânea, o surgimento e a recente popularização do chamado “artista de nicho”.

Após, serão dadas as considerações finais e a conclusão do presente artigo.

Foram utilizados como fonte de pesquisa a ferramenta Google Acadêmico, a Scielo Scientific Electronic Library Online, vloggers e sites da internet, assim como livros eletrônicos e físicos.


2. QUE FASE, HEIN LULU?

No dia 18 de dezembro de 2017, o cantor e compositor Lulu Santos escreve em seu Twitter a seguinte frase:

SANTOS, Lulu. Caramba! É tanta bunda, polpa, bumbum granada e tabaca que a impressão que dá é que a MPB regrediu pra fase anal. Eu, hein? Rio de Janeiro, 18 de dez. 2018, 7:57 a.m. Twitter: @lulusantos. Disponível em:

http://twitter.com/LuluSantos/status/942710351795249153?s=19. Acesso em: 19 de out. 2018.

Essa declaração vai ao encontro do sentimento de uma camada da população que, de forma semelhante, também partilha a idéia que a música brasileira involuiu, ou ainda, de que se fazia música de melhor qualidade em um passado não tão distante. Para termos uma rápida impressão da abrangência do assunto, ao digitarmos no campo de pesquisa Google “a música brasileira esta ruim?”, obtivemos aproximadamente 8.640.000 (oito milhões, seiscentos e quarenta mil) resultados em 0,42 segundos.  Para tags semelhantes que aparecem junto à pesquisa, os números impressionam, como “música brasileira hoje” – aproximadamente 55.000.000 resultados em 0,62 segundos; “a decadencia da música brasileira” – aproximadamente 15.800 resultados em 0,40 segundos; “lixo musical brasileiro” – aproximadamente 3.850.000 resultados 0,34 segundos. Logo, uma declaração como essa feita por um artista amplamente reconhecido em todo território nacional, ícone da música popular brasileira ao longo de quase 40 anos, é mais comum do que se imagina, sendo a única diferença o fato de ela ter vindo das pontas dos dedos de alguém que faz parte do establishment[3], de quem conhece os intestinos da MPB.

Normalmente, quando ocorre um comentário dessa natureza, é natural que tal afirmação seja associada a sentimentos considerados anacrônicos, relacionados a choques entre gerações, oriundos de diferenças de ordens variadas que sempre existiram na história humana e são comumente expressos há milênios, desde que a escrita foi inventada[4].

Segundo o Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa Michaelis, o anacronismo traduz-se por erro cronológico, expressado na falta de alinhamento, consonância ou correspondência com uma época. Ocorre quando pessoas, eventos, palavras, objetos, costumes, sentimentos, pensamentos ou coisas que pertencem a uma determinada época são erroneamente retratados noutra época, por outra perspectiva. Assim, existe certa nostalgia de um modo geral no ser humano, quando pensamos no passado, uma memória afetiva em relação aos acontecimentos, às coisas enfim. Segundo estudiosos como Peter Burke, foi somente na época da Renascença que ocorre uma identificação do que é antigo e que passaremos a ter uma delimitação entre o presente e o passado e sobre como olha-lo com uma visão mais acurada, como podemos observar no texto:

Portanto, podemos dizer que os humanistas consideravam o passado – antigo e medieval – como qualitativamente diferente do presente e não como ciclo repetitivo. No que diz respeito a sua relação com a antiguidade, podemos falar da existência de uma ‘distância nostálgica’, um reconhecimento da diferença entre as épocas, ao mesmo tempo em que há uma certa dose de admiração e um desejo de destruir essa diferença. (BURKE, 2013, pp. 196-197).

Se, por um lado na Atenas de Platão do séc. VI a.C. já se mencionava os confrontos entre gerações, por outro é interessante ressaltar que até a renascença não haviam registros mais aprofundados sobre temas que abordassem as perspectivas históricas sobre a passagem do tempo e suas consequencias no modo de vida das pessoas. Ao homem medieval, por exemplo, parece ter sido muito comum pensar que o mundo havia sido o mesmo desde sempre e que, apesar dos choques de geração comumente terem existido, uma questão não era associada à outra. Conceitos como distanciamento histórico, percepção histórica, distanciamento irônico, dentre outros, passaram a proliferar após o renascimento no vocabulário dos pesquisadores do passado e foram aprofundados pelos historiadores de arte alemães, como Warburg, Saxl e Panofsky (BURKE, 2013) que trataram do tema no século XX, onde foi observado que o anacronismo é uma tendência natural no ser humano.

No caso da declaração abismada de Lulu Santos em relação à temática das músicas, Reinhart Koselleck a classificaria como uma declaração oriunda da experiência, que o autor chama de passado atual, pois o artista ainda goza de suas faculdades mentais e pode lembrar-se de um tempo em que se fazia música antes da fase anal, algo que também pode ser compartilhado pelas experiências de seus ouvintes:

A experiência é o passado atual, aquele no qual acontecimentos foram incorporados e podem ser lembrados. Na experiência se fundem tanto a elaboração racional quanto as formas inconscientes de comportamento, que não estão mais, ou que não precisam mais estar presentes no conhecimento. Além disso, na experiência de cada um, transmitida por gerações e instituições, sempre está contida e é conservada uma experiência alheia. (KOSELLECK, 2006, pp. 309-310).

A grande diferença da exclamação de Lulu em relação às outras, reside no fato dela ter sido compartilhada por quem tem conhecimento de causa, externando o espanto e desconforto que certas expressões e manifestações mais explícitas, antes de alcance restrito ou direcionado, tenham explodido nas diversas midias, mainstream e aquém. A música, sendo a reunião perfeita entre razão e sensibilidade, matemática pura mais emoção, nos permitiria identificar, talvez, os meios para que ela possa ser mensurada na esfera da sua construção exata, em sua fisicidade, com a finalidade de obtermos uma resposta satisfatória.

A máxima de Sócrates[5], que trata de sua própria ignorância, nos permite sonhar, e olhando para a intimidade daquilo que consideramos físico, mensurável, exato, somos forçados a reconhecer na imanência das leis, a transubstanciação conceitual da própria matéria:

Nesta sofisticada era científica, muitos de nós sabemos que toda matéria é simplesmente uma forma de energia, de certos tipos de ondas e vibrações pulsantes. Ao observar as ondas que banham a costa, somos lembrados de que o físico francês Louis de Broglie achava que havia um padrão de ondas em cada átomo. Portanto, de acordo com essa teoria, subjacente a todas as ondas eletromagnéticas visíveis e invisíveis, ondas sonoras ouvidas e inéditas, ondas gravitacionais sentidas e não sentidas, há ainda outro vasto e misterioso oceano de ondas de partículas atômicas. É dentro e através dos padrões em constante mudança desta ressaca atômica que a química fundamental e a física da nossa vida – e de fato toda a vida é expressa (RETALLACK, 1973, pp. 9-10).

De acordo com a citação da obra de Dorothy Retallack, The Sound of Music and Plants[6], a música, antes de tudo é vibração, assim como tudo no universo, e desde sempre essa vibração foi utilizada para diversos fins na história da humanidade, desde fins religiosos até belicosos, passando também pelo puro hedonismo e joie de vivre. Existe inclusive um caso lendário que junta ao menos duas dessas finalidades, a belicosa e a religiosa, que é o das Trombetas de Jericó[7]. Deste exemplo, podemos inferir que já existia naquela época recuada algum conhecimento sobre os desdobramentos físicos da lei da ressonância[8], a ação do som nos objetos sólidos. Tendo em vista que tudo o que existe vibra em uma determinada frequência, tornando-se assim o campo da física um primeiro e grande sinalizador para uma determinada aferição qualitativa dos estilos musicais e/ou de energia, e suas influencias no meio.

No experimento de Dorothy Retallack, de 1973, intitulado Response of growing plants to a manipulation of their sonic environment[9] a pesquisadora atesta cientificamente que o cultivo de plantas de petúnia, feijão, milho e abóbora, respondem de forma consistente pela direção do crescimento do caule, pelo peso da raiz seca e pelo peso seco do caule, a categorias contrastantes de fontes sonoras musicais. Experimentos em condições específicas, idênticas e controlados foram realizados simultaneamente em três câmaras ambientais, produzidas pela Lab Line Instruments. As observações da resposta da planta foram feitas e medidas em cada uma delas para fins de comparação e cada câmara foi equipada para fornecer combinações programadas de energia luminosa de fontes incandescentes e fluorescentes e ajustadas para 8 horas de luz a cada 24 horas ao longo de 21 dias, gerando reações aos tipos contrastantes de energia/estilo musical (ver anexo A, ao final do artigo).

Para fins de teste, quatro categorias arbitrariamente definidas de música foram decididas:

I.        Categoria I: Orglelbüchlein de Bach e Sounds of India de Ravi Shankar;

II.        Categoria II: Partes do album de acid rock Led Zeppelin II, da banda Led Zeppelin; The Break Song da banda Vanilla Fudge e Band of Gypsies de Jimmy Hendrix;

III.        Categoria III:  Foi composta por orquestração desprovida de percussão. incluem trechos de Spanish Eyes de Earl Grant e La Paloma tocados em cordas, piano, órgão e clarinete. Clássicos contemporâneos também estão nessa categoria;

IV.        Categoria IV: Foi composta 100% por percussão, incluiu La Paloma tocada inteiramente por tambores de metal africanos e porções de Persistent Percussion.

As plantas foram fotografadas durante o processo, apresentando significativas e diferentes alterações quanto ao crescimento e desenvolvimento do caule, raízes e folhas, numa clara resposta aos variados estímulos sonoros, onde pôde ser observada a inclinação das hastes a favor ou contra os alto falantes, de acordo com o tipo de música utilizado e, no sentido geral, a música erudita de Bach e a oriental de Ravi Shankar tiveram uma resposta muito satisfatória das plantas expostas ao experimento.

A partir dessa pesquisa[10], muito foi acrescentado ao conhecimento científico sobre as plantas e suas reações aos estímulos e estilos musicais. Ocorreram a partir de então, desde estudos mais aprofundados e discussões sobre a inteligência das plantas[11], assim como aplicações práticas em vinhedos italianos para a melhoria da qualidade das uvas, obtendo resultados comprovados pelas vendas, o intitulado vinho fonobiológico[12], até plantações de frutíferas e hortaliças que ‘ouvem’ peças clássicas duas vezes ao dia[13].

Além das aplicações citadas na agricultura e na economia, os desdobramentos dos estudos da norte-americana continuam ampliando a busca pelo conhecimento da influência das ondas na vida dos seres animados ou inanimados, espargindo-se em diversas áreas do conhecimento humano.

É no campo da Mecânica Quântica, que versa sobre o comportamento de partículas subatômicas, que encontraremos os postulados com respaldo científico teórico que possuem ampla aceitação na comunidade científica:

Ramo da ciência não será a expressão adequada, pois a Mecânica Quântica constitui, hoje em dia, a base de toda a ciência. As equações descrevem o comportamento de objetos muito pequenos – digamos de dimensões iguais ou inferiores às atômicas – e constituem a única fonte de conhecimento de mundo microscópico. Sem estas equações, os físicos teriam sido incapazes de planejar centrais nucleares (e bombas nucleares), construir lasers ou explicar por que razão o sol se mantém quente. Sem Mecânica Quântica a Química ainda estaria na Idade Média e a Biologia Molecular – conhecimento do DNA, engenharia genética, e tudo o resto – não existiria (GRIBBIN, 2004).

As respostas científicas da física aos estudos das partículas subatômicas apresentaram ao homem do contemporâneo um vasto multiverso de realidades. Uma das maiores questões dos séculos XX e XXI no campo da física encontra-se na teoria de Schrödinger, físico austríaco que ficou famoso pelo seu gato morto-vivo.

Também é possível construir casos muito burlescos. Imagine um gato trancado em uma sala de aço junto com a seguinte máquina infernal (que deve ser protegida do ataque direto do gato): Uma pequena quantidade de material radioativo é colocada dentro de um contador Geiger, tão pequena que durante uma hora talvez um de seus átomos decai, mas igualmente provável nenhum. Se ele se deteriorar, o contador é acionado e ativa, por meio de um interruptor, um pequeno martelo que quebra um recipiente de ácido prússico. Depois que este sistema foi deixado sozinho por uma hora, pode-se dizer que o gato ainda está vivo desde que nenhum átomo tenha decaído no tempo médio. O primeiro decaimento de um átomo teria envenenado o gato. Em termos da função-y de todo o sistema, isso é expresso como uma mistura de um gato vivo e um morto. (SCHRÖDINGER, 1935, p.9).

Segundo os teóricos que aceitam a versão pura da Mecânica Quântica, o gato existe num estado indeterminado que não é vida nem é morte, até que um observador olhe para dentro do caixote. Nada é real se não é observado. Se Retallack comprovou que diferentes tipos de música afetam o crescimento das plantas, os físicos modernos dizem que a realidade é aquilo que prestamos atenção, pois fora isso, a matéria se mantém apenas potencialmente em possibilidades.

Conforme vimos, música também é ciência, energia e possui efeitos físicos nos objetos e seres. Tais efeitos são utilizados e podem ser mensurados no comportamento dos seres vivos e inanimados, fato que ocorre desde a antiguidade até os dias de hoje.

Nas guerras eletrônicas do Golfo Pérsico[14], soldados americanos munidos de música em mp3 no campo de batalha, ao som de Death Metal, eram remetidos a um ambiente de videogame, dessa forma, segundo Pieslak, os combatentes tornam-se mais focados com o nível de precisão, agressividade e autocontrole considerados corretos às missões.

Situada do outro lado do espectro sonoro, existe uma gama variada de aplicações benéficas, como a musicoterapia, largamente utilizada em todo o mundo para o tratamento de bebês prematuros.

Através do ritmo e do som a música age sobre o sistema motor e sensorial enquanto, através da melodia, componente básica da música, é atingida a afectividade (cf. Ducourneau,1984, p. 59) e por isso mesmo, devemos compreender o instrumento da musicoterapia como um processo construído por distintos componentes que se interrelacionam entre si e modificam diferentemente o estado do indivíduo. A prática da musicoterapia “não trata de formar artistas, e sim de utilizar a música” (Ducourneau, 1984, p. 33) com uma finalidade salutogénica (OLIVEIRA; GOMES, 2014, p.762).

A aplicação da música atrelada às nossas emoções e pensamentos está em nosso uso diário, onde a direcionamos e também somos direcionados por ela a diversos estados de ânimo. Entendemos que esses estados se expandem para além do campo humano, portanto, diante da imensidão do cosmos musical, é preciso procurar entender o que levou a música brasileira a ficar restrita à “tanta bunda, polpa, bumbum granada e tabaca”, conforme a exclamação de Lulu Santos.

Verificaremos no próximo tópico, como a revolução tecnológica mudou o modo de fazer e pensar música.


3] Palavra de origem inglesa e incorporada à linguagem culta brasileira que significa “grupo de indivíduos com poder e influência em determinada organização ou campo de atividade”, segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, 2001.
[4] “É que o pai habitua-se a ser tanto como o filho e a temer os filhos, e o filho a ser tanto como o pai, e a não ter respeito nem receio dos pais, a fim de ser livre… O professor teme e lisonjeia os discípulos, e estes têm os mestres em pouca conta…” Veja PLATÃO – A República, Livro VIII. Trad. Maria Helena da Rocha Pereira. Lisboa, 1987, p.394.
[5] “Então, pus-me a considerar, de mim para mim, que eu sou mais sábio do que esse homem, pois que, ao contrário, nenhum de nós sabe nada de belo e bom, mas aquele homem acredita saber alguma coisa, sem sabê-la, enquanto eu, como não sei nada, também estou certo de não saber. Parece, pois, que eu seja mais sábio do que ele, nisso ainda que seja pouca coisa: não acredito saber aquilo que não sei.” Veja PLATÃO – Apologia de Sócrates, parte I, VI. Trad. Grupo Acrópolis. Pará de Minas, 2003, p.8.
[6] A autora expõe de forma científica suas pesquisas sobre as reações das plantas à exposição de notas musicais contínuas e de estilos musicais diferentes que vão de Led Zeppelin a Bach (RETALLACK, 1973).
[7] No Livro de Josué, os israelitas destruíram o muro de Jericó no sétimo dia de cerco após tocarem trombetas de chifre de carneiro e gritarem para o muro cair. Os eventos sugeridos datam de cerca de 1400 a.C. (A BÍBLIA, 1850, p.228).
[8] “Em 7 de novembro de 1940, a ponte suspensa sobre o Estreito de Tacoma, nos Estados Unidos, apenas 4 meses depois de ter sido aberta ao tráfego, foi destruída durante um forte vendaval. A ponte apresentava um comprimento total de 1530 m, com um vão central de 850 m. Inicialmente, sob a ação do vento, o vão central pôsse a vibrar no sentido vertical, passando depois a vibrar torsionalmente, com as torsões ocorrendo em sentidos opostos nas duas metades do vão. Uma hora depois, o vão central se despedaçava. Tal acontecimento não foi devido simplesmente à força do vento que, na manhã do desastre, soprava com a velocidade de aproximadamente 68 km/h, insuficiente, por si só, para destruir uma ponte solidamente construída. O desastre realmente ocorreu devido a um fenômeno fisico conhecido como ressonância.” (YONEDA, 1982, p.7).
[9] Resposta das plantas em crescimento à manipulação de seu ambiente sonoro (RETALLACK, 1973).
[10] Desde a antiguidade o homem conhece intuitivamente o efeito da música nos seres vivos e do som nos objetos inanimados, mas foi no século XX, entretanto, que estudiosos como Bose (1906), Singh (1965), Weinberger (1968) e Backster (1968) debruçaram-se de forma científica sobre o tema (RETALLACK, 1973).
[11] CALVO, 2016.
[12] SITE G1 – Jornal Nacional. Música clássica é usada para melhorar qualidade de vinhos na Itália. Disponível em: <http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2012/10/musica-classica-e-usada-para-melhorar-qualidade-de-vinhos-na-italia.html> Acesso em: 22 de outubro de 2018.
[13] VIDIGAL, Luciane – EM. Agricultores apostam em música clássica para melhorar cultivo de plantas. Disponível em:<https://www.em.com.br/app/noticia/economia/2014/08/04/internas_economia,554960/agricultores-apostam-em-musica-classica-para-melhorar-cultivo-de-plantas.shtml> Acesso em: 25 de outubro de 2018.
[14] No livro “Sound Targets: American Soldiers and Music in the Iraq War” (Alvos sonoros: soldados americanos e a música na Guerra do Iraque), o autor Jonathan Pieslak, teórico da música do City College de Nova York, analisa a relação entre os militares e a música durante a invasão do Iraque e constata a predominância do Heavy Metal entre o estilo preferido dos militares norte-americanos em combate e missões, algo notado mesmo entre os soldados negros (WILSON, 2012).


2.3 TEMPOS MODERNOS[15]

Em 2017, numa entrevista para o programa Ritmo Brasil da RedeTV!, a cantora Sandy declara: “Já fui ‘mainstream’, fui número, vendi três milhões de discos, lotei o Maracanã e era legal. Só que hoje gosto de ser assim, uma artista um pouco menor, quase de nicho, digamos ”[16].

Muito recentemente, a expressão artista de nicho tornou-se comum na boca de artistas e pessoas do meio musical, como no caso do exemplo acima. Para uma melhor compreensão do termo, será necessário recuarmos ao início daquilo que ficou conhecido como Revolução da Informação.

Cada onda de revolução tecnológica-industrial ocorrida na história possui um impacto profundo na vida das sociedades humanas e nas artes, pois nela ocorre a substituição de um trabalho que antes era feito ou operado por um ser humano, por um trabalho realizado por uma nova tecnologia, visando trazer rapidez ao processo e melhores resultados. Na segunda revolução industrial, a forma de fazer arte na Europa é influenciada pela tecnologia de forma peculiar, pois o famoso movimento impressionista nas artes só pôde ocorrer por causa da invenção da máquina fotográfica por Daguerre, que apresentou ao mundo a primeira câmera fotográfica em 1839[17]. Isso fez com que os artistas realistas e retratistas concorressem com a fotografia num primeiro momento, mas como a foto possuía um custo muito menor do que os honorários de um pintor, precisaram repensar as funções da pintura, buscando novos rumos. Segundo Paiva, tais artistas haviam perdido sua função econômico-social, e prossegue:

Se pensarmos na estrutura da indústria cultural neste seculo, veremos que a desvalorização se faz presente em praticamente todas as atividades artísticas, acentuando-se sobremaneira após o surgimento da eletrônica e da tecnologia digital. Como exemplos clássicos de instrumental tecnológico utilizado, na maioria das vezes, com a unica função de substituir o artista, encontraremos os sintetizadores, samplers e gravadores digitais. Tais equipamentos substituem o musico enquanto instrumentista, sendo amplamente utilizados na produção fonográfica mundial para executar sons que poderiam ser realizados por qualquer instrumentista de nível mediano (PAIVA, 1992, p.65).

Parece ser um padrão das revoluções tecnológicas a perda de função econômico-social dos artistas, não importando o século.

Essa temática da substituição do homem pela máquina teve na sétima arte uma obra-prima intitulada Modern Times, onde pudemos ver uma forte crítica às consequências da Revolução Industrial no comportamento humano, a exploração do operário da indústria, as consequentes neuroses e impactos sociais. Desde então, a estreita relação entre as máquinas e a progressiva celeridade da vida moderna é tema de crítica nas artes, gerando a contagiante sensação de que tudo poderia ser feito em menos tempo, de forma mais rápida e eficaz, mudando mesmo a noção de realidade dos habitantes da urbe, caracterizando assim um dos impactos da segunda revolução industrial[18] nas sociedades humanas.

Nas últimas três décadas do século XX começou a terceira fase da Revolução Industrial, conhecida como Indústria 3.0, quando processos eletrônicos e tecnologias de informação para automação foram introduzidos no dia a dia. Segundo alguns autores, seu impacto só pode ser comparado à invenção da imprensa por Gutemberg, pois se apresenta tão transformadora quanto. Sobre os efeitos dessa Revolução na música, Paiva identifica a massificação como decorrência da influência da tecnologia na produção e execução musical, o músico e seu instrumento não representam mais o centro daquele mundo que faz música, assim como o pintor realista da segunda metade do século XIX precisou ceder espaço à máquina fotográfica e adaptar-se aos novos tempos.

Sobre a adaptação dos artistas contemporâneos, Heitor Castro[19], criador da rede EAD Mais Que Música, músico e premiado vlogger, teoriza, em uma videoaula intitulada “Por que a música está uma merda”[20], algumas relações pertinentes entre tecnologia e música, que passaremos a expor:

I.        Música pessoal x música impessoal: antes de 1877 não havia mecanismo de reprodução em massa do som. O fonógrafo de Thomas Edson não havia ainda sido inventado, muito menos o famoso gramofone de Berliner. Segundo o autor, a música existia pela música mesmo, não havia nenhum culto ao autor, mesmo podendo ser Beethoven, Bach ou outros compositores que estivessem sendo executados por uma orquestra. A atual Revolução da Informação traz, num sentido inverso, o culto à personalidade.

II.        O humano sinestésico: A Revolução da Informação deu vazão ao surgimento do humano sinestésico. Na sinestesia os sentidos se misturam, cor é som, som pode ser gosto etc. Assim, a opinião sobre qualquer novo artista é formada por diversos fatores, além do conteúdo musical, a saber:

– Atitude, performance de palco;

– Nicho e representatividade;

– Imagem, sendo pela beleza ou pelo burlesco.

III.        O excesso de informação: O excesso de informação sobre artistas que se encontra disponível dos diversos canais de informação resulta em um comportamento do ouvinte, que se traduz pela necessidade de:

– Atalhos de julgamento para formação de opinião;

– Atenção gerada pelo menor esforço.

IV.        A temática rasa: Na busca pela atenção, dentre as diversas temáticas abordadas pelos artistas, como política, existencialismo/espiritualidade, amor (romantismo) e sexo, é o sexo que atinge a maior parte da população, assim, a busca pela apreensão mais rápida da atenção do espectador/ouvinte traduz-se pela temática rasa que redunda em sexo e violência, os instintos primários do homem.

V.        Declínio da capacidade musical da massa artística: Se em outros tempos o artista precisava saber compor e cantar, com o advento da Revolução da Informação, isso não é mais necessário devido às ferramentas que se encontram à mão, como bases sampleadas, cadências e sequências musicais pré-programadas em softwares específicos. As linhas melódicas podem atualmente todas serem feitas no auto-tune ou melodyne, softwares específicos para afinação de voz. Assim, qualquer pessoa pode hoje produzir entretenimento musical sem ter conhecimento musical e preocupação com a qualidade do trabalho.

VI.        Mundo disperso e raso: Todos querem saber de tudo um pouco, ao tempo em que não se aprofundam, igualando assim o consumidor do grande entretenimento sonoro que se tornou a música à massa que produz música atualmente.

Sobre o processo de criação da nova massa crítica artística, aceleração e volume de informação trocados na rede, Cavalcante & Pinezi complementam o expositor:

E é justamente no contexto das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação que se encontra em debate a forma de se fazer e pensar a música, uma vez que essa também mudou e está mudando em razão dos adventos tecnológicos (tais como o ciberespaço, os novos suportes de reprodução de mídia, os novos formatos de mídia etc.). Com o aumento da velocidade de acesso à Internet, criou-se um ambiente de troca de informações veloz e barato. Assim, a propagação musical se dá de forma intensa no ciberespaço, fato esse que pode ser entendido como fruto da globalização tecnológica e cultural (CAVALCANTE; PINEZI, 2014).

As tendências da globalização, apelidada de “glocalização” por Philippe Quéau, e o acesso às novas tecnologias, foram grandes responsáveis pelo aparecimento dos artistas de nicho “[…] Diferentes tipos de globalizações (financeira, econômica, tecnológica) florescem ao mesmo tempo e acompanham o desenvolvimento da sociedade ”global” da informação, que, por sua vez, facilita a globalização […]” (QUÉAU, 1989). Para o autor, não existe um interesse real na diminuição das diferenças, mas sua acentuação.

As “globalizações” da cultura, da sociedade, da política e da ética permanecem ainda na retaguarda. As globalizações se traduzem em “relativismo” político, ético, cultural. Em vez de promover valores universais, e a universalidade como um valor, a globalização parece encorajar o relativismo (QUÉAU, 1989, p.199).

Transpondo essa acentuação das diferenças ao nosso universo musical local, podemos notar como isso se tornou um facilitador para os aparecimento dos artistas de nicho, daquele que é diferente por ser igual ao espectador, quer seja por representar uma classe, uma orientação sexual, uma cor de pele. E o público, fatiado em segmentos, passa a se identificar com esse ou aquele artista que lhe parecer mais próximo, ou o que for mais impactante, usando o atalho de julgamento citado por Heitor Castro. Tais valores nada têm a ver com música em si, mas sim com o pacote do Entretenimento Sonoro do século XXI, um produto de consumo rápido e imediato. Entretanto, em oposição ao produto raso, a música profunda, avançada, é de ordem abstrata, podendo ser ela erudita ou não, e sua apreciação demanda tempo do ouvinte para um mergulho naquele universo sonoro. Segundo comprovações científicas[21], este mergulho altera o estado de consciência do ouvinte, cabendo aqui uma frase atribuída ao guitarrista e compositor Jimmy Hendrix que diz que music is a safe kind of high [22]. Por fim, Castro revela que a mercadoria mais importante da Revolução da Informação é a atenção das bilhões de pessoas que buscam o entretenimento sonoro, superando o valor da commodity do petróleo.  O expositor conclui que a qualidade musical brasileira da atualidade, e do mundo, é uma consequência do atual jeito de viver das pessoas, sua relação com o tempo e com a tecnologia ao seu redor.

Retornando ao início do tópico, para a cantora Sandy, ser artista de nicho representaria algo menor e, para quem já lotou estádios numa outra época como uma representante do mainstream, poderia ser mesmo. Porém, o que ocorre atualmente é que são os artistas de nicho, como Pablo Vittar e Jojo Toddinho, por exemplo, os representantes de comunidades, de grupos, incluindo aí comunidades e grupos de midias sociais, sejam eles LGBT ou raciais, os verdadeiros focos das atenções do Entretenimento. No lastro dessas transformações, a antiga máfia, a intelligentsia, mais outras figuras do mainstream e da industria fonográfica, numa verdadeira inversão do modus operandi pois, sentindo-se em apuros pela perda da hegemonia, passaram a incensar os pop-ups dos guetos, como o caso  de Tom Zé, que ensina que o funk carioca é interessante musicalmente, através de Tô ficando atoladinha, que é um “metarefrão microtonal e plurissemiótico“.


[15] Referência ao filme Modern Times, que ficou conhecido no Brasil e em Portugal por Tempos Modernos, obra do cineasta e ator britânico Charlie Chaplin que trata da aceleração da vida e desumanização do homem devido a Revolução Industrial. Título original: Modem Times. Preto em Branco. Legendado. Duração: 87 min. Warner, 1936.
[16] SITE Folha de São Paulo – Celebridades. Já fui mainstream, hoje gosto de ser assim, uma artista um pouco menor. Disponível em: < https://f5.folha.uol.com.br/celebridades/2017/06/ja-fui-mainstream-hoje-gosto-de-ser-assim-uma-artista-um-pouco-menor-diz-sandy.shtml&gt; Acesso em: 23 de outubro de 2018.
[17] SITE Cameras Antigas – A Câmera Fotográfica…Como surgiu? Disponível em: < http://www.camerasantigas.com.br/a_camera_fotografica_como_surgiu.htm&gt; Data de publicação: Terça, 21 de novembro de 2001, 18h17.  Acesso em: 28 de outubro de 2018. Link atualizado em 26/08/2019: https://fotografiamais.com.br/maquina-fotografica-antiga/
[18] SILVA; GASPARIN, 2014.
[19] Formado em Informática pela PUC/RJ, estudou no GIT (Guitar Institute of Tecnology) em Los Angeles, California. Disponível em: <https://www.maisquemusica.com.br/heitor-castro-guitarra-violao-aulas-escola-de-musica/> Acesso em: 09 de novembro de 2018.
[20] Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=XiJE_Me7sFY&t=54s> Acesso em: 12 de novembro de 2018.
[21] CLYNES, 1982.
[22] Em tradução livre: música é um tipo de barato seguro. Por “barato”, entenda-se estado alterado de consciência.


3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na primeira parte, “Que fase, hein Lulu?”, partindo de uma interjeição de um artista renomado da MPB que reflete um senso comum, pudemos caminhar pelos temas decorrentes que se encadearam de forma orgânica, dos quais são mencionados:

1.1     O entendimento sobre anacronismo e distanciamento histórico (BURKE, 2013 e KOSELLECK, 2006);

1.2     Os efeitos dos variados tipos de música nos seres vivos e inanimados (CLYNES, 1982; RETALLACK, 1973; WILSON, 2012;);

1.3     Tudo é energia e a realidade é pensamento – mecânica quântica (GRIBBIN, 2004, SCHRÖDINGER, 1935).

Na segunda etapa “Tempos modernos” pudemos compreender os impactos da terceira revolução industrial, chamada de Revolução da Informação, de onde ressaltam os tópicos:

3.1.    Toda revolução tecnologica causa impacto nas artes, positivos e negativos (CAVALCANTE; PINEZI, 2014);

3.2.    A massa artistica encontra-se menos qualificada musicalmente devido ao acesso à tecnologia e às facilidades tecnológicas;

3.3.    A música é mais entretenimento do que arte nos dias de hoje e quanto mais pura a musica, maior a atenção a ser depositada nela (CASTRO, 2018).

Com agradável surpresa, encontramos nos estudos de Retallack um primeiro impulso a ser dado na compreensão da música como vibração. Após, música em hospitais e clínicas, música para eutanásia, música para a guerra, música para as plantas e plantações, música das esferas, como se as aplicações infinitas da música quisessem nos dizer algo. Nela encontramos, no coração da matéria, o vazio que é potencializado pela mente humana, segundo Schrödinger, no movimento simples de prestar atenção.

Uma vez entendido de que a música é capaz de mudar a realidade, o controle sobre a música, ainda que seja necessário reduzi-la a um produto chamado de entretenimento sonoro, é bastante desejável.

Gráfico

Pudemos perceber que o que ocorre na atualidade, é uma adaptação a uma onda de tecnologia e informação que deu espaço e alcançe a vozes antes inauditas. A música brasileira atual está sendo feita por uma massa artística menos capacitada musicalmente, que possui acesso a ferramentas musicais inimaginadas há 30 anos atrás. Tudo isso, aliado à demanda de atenção imediata, a grande commodity do século XXI, que o modus vivendi atual impõe, facilita a ascenção de artistas de nicho, o que num certo sentido é uma democratização e uma quebra de hegemonia dos intelectuais brasileiros.

Como este processo ainda está acontecendo, não é possível ter o necessário distanciamento crítico para uma avaliação de todos os impactos que essa era da informação traz. É possível, porém, alinhavar os temas expostos por Castro com a pergunta inicial de Lulu Santos, afinal, o sexo, a escatologia, a violência e os divertimentos considerados rasteiros possuem um efeito anestésico nas massas desde sempre, o que nos faz cogitar se existe outra intelligentsia ou máfia operando nos bastidores da glocalização (QUÉAU, 1989).

Entendemos que o caminho da não música tem sua data de expiração, pois para cada ação ocorre uma reação na mesma intensidade, ao contrário da boa música, que não possui data de validade. Novas gerações virão e a ‘granada e tabaca’ ficará no esquecimento, do mesmo modo que Salieri em relação a Mozart. A música demonstrou ser uma força muito poderosa para ser deixada de lado em função de um entretenimento vazio, recheado de sexo e violência.


REFERÊNCIAS

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ANEXO A

O desenvolvimento das raízes após exposição sonora a musica indiana, clássica e rock. (RETALLACK, Dorothy L. The Sound of Music and Plants. 1 ed. De Vorss & Co., California,1973, p.25)

The Sound of Music and Plants.cdr

Figura 1

Foto: George Crouter, 1973

OBS: Este texto foi revisado em 26/08/2019. Para que o texto coubesse no formato de artigo científico, na ocasião da apresentação acadêmica, precisei mutilá-lo e descartar alguns pontos interessantes que considero enxertar no corpo futuramente.